Sai da frente que eu tô passando! Quem me segue?

Se você tivesse um daqueles espelhos da madrasta da Branca de Neve, daqueles que falam tudo na cara, sem fazer média, e esmiúçam cada pedacinho seu, como um scanner de defeitos que não perdoasse nadinha...o que ele te diria hoje?

Foi me fazendo essa pergunta que eu resolvi fazer esse blog. Ou eu quebrava meu espelho imaginário em pedaços menores do que aqueles do antigo comercial da Duralex, ou eu encarava o fato de que não era só ele que via aquelas verdades dolorosas. Eu concordava com cada uma delas, e só precisava desse eco para tomar vergonha na cara e, fazendo alusão ao maior poeta etílico da televisão brasileira, Fernando Vanucci, "mudar ou...mudar de vez!". Resolvi não arriscar os sete anos de azar, já que a uruca já anda suficiente pro meu lado, e abracei a segunda opção. Resolvi enfrentar ponto a ponto do que o espelho me disse...e traçar um plano para que ele pague pela língua!

Vi que estou vários quilos acima do que a Fifa considera suficiente para a substituta da Jabulani na copa de 2014. Super na moda toda essa questão das modelos plus size mas...eu não me vejo nesse corpo, sabe? Acho que o espelho sacou isso. Não quero e nem vou ser jamais uma vitrine de ossos, não estou mirando na calça super skinny 36 e nem quero perder os contornos que minha natureza me deu. Só quero caber nas roupas que sempre usei, e gostar do que vejo dentro delas.

Vi que minhas finanças se resumem a um cofrinho de poodle cor de rosa, que pretendo abrir hoje, porque não tenho mais do que dois reais na carteira. Não estou trabalhando desde maio, não troquei minha vaquinha por um pé de feijão, não tenho nem pais nem marido rico e, portanto, meu cofrinho à parte, a situação financeira não vai melhorar a menos que algo mude na situação profissional.

Vi que minha modéstia não me impede de ver que sou inteligente sim, quase me arriscando a ser rotulada como arrogante por isso. Sou fã de Nietzsche, de Platão, de Kafka, de Dostoiévski, de Johnny Cash, de The Clash, de Bergman, de Kubrick...sei falar línguas, sei dançar, sei identificar que música está tocando, sei jogar gamão, xadrez, purrinha...mas não sei o que fazer com tudo isso! Todo esse motivo de orgulho não tem sido mais do que uma gaveta empoeirada que acabou empenando, e ninguém consegue abrir...quase esqueço o que tem dentro...

Vi que tenho um namorado incrível, daqueles grandes amores que a gente tem que agradecer de pés juntinhos por ter encontrado. Mas que ele ultimamente tem usado mais adjetivos no diminutivo diante de minhas produções mais caprichadas do que dado aquele olhar que faz você pensar "Xeque-mate, bonitão! Pode respirar de novo".

Vi que sinto saudades de várias fases da minha vida, mas nenhuma falta dos últimos meses...

O que o espelho vê é fácil...mas o que ele prevê tendo isso como base? O que me espera? Mando currículo para a Michelin com o título "Candidata à vaga do mascote Bib"? Ganho a vida jogando adedanha valendo dinheiro? Mato meu namorado de rir quando fizer um strip-tease? Caso ganhando um beijo na testa? Vou ler mão na esquina?
NÃO!

Vou fazer 30 anos em 5 meses, e me recuso a entrar nesse novo ciclo com perspectivas tão...err...pouco promissoras. Na verdade, vou acordar amanhã, e me recuso a continuar vendo tudo isso no espelho sem fazer nada para mudar o reflexo dele. Basta! Chega de uruca!

O plano de ação para que tudo isso vire passado? Acompanhe o diário que esse blog se torna a partir de hoje, me deseje sorte, e veja como a coisa se desenrola. Ah, sim...se quiser me acompanhar nessa dança, conto com o seu apoio e ofereço todo o meu. Vamos fazer desse um caminho para dois...três...quantos quiserem.

O que sei é que hoje é o último dia em que eu não fiz nada para mudar minha vida. Aliás, fiz...essa promessa a mim mesma!